José Maria Neves manifestou esta preocupação ao discursar na 35ª sessão ordinária da conferência da União Africana, que decorre na capital da Etiópia, onde redobrou a preocupação em relação à instabilidade na região oeste africana e do Sahel. Para o Chefe de Estado cabo-verdiano, a criação de um sistema de governança multinível, com uma adequada divisão do trabalho entre a União Africana, as organizações regionais e os Estados membros, com responsabilidades partilhadas, seria “um grande passo” para a realização da Agenda 2063.
Neste sentido, disse acreditar que a África dispõe de “recursos, talentos e imaginação para ser um dos mais importantes actores políticos e económicos” e que Cabo Verde, enquanto um pequeno Estado insular em desenvolvimento, estará “sempre presente”.
O Presidente da República solidarizou-se com às vítimas do terrorismo no Burkina Faso, no Mali, no Níger e no norte da Nigéria e Moçambique e reafirmou o “mais veemente repúdio” a todo e qualquer acto terrorista, bem como de subversão da ordem constitucional, referindo-se aos episódios recentes no Sudão, Mali, Guiné-Conacri, Burkina Faso, e recente tentativa de golpe de estado na Guiné-Bissau.
“África tem conhecimento, tem talento e recursos suficientes para produzir vacinas e outros medicamentos e assim não ficar dependente das contingências actuais e novamente vulnerável quando surgirem novas pandemias”, realçou Neves.
“A África dificilmente conseguirá suprir a enorme lacuna de financiamento para concretização dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS – no horizonte 2030 e a Agenda 2063 da União Africana, somente com as receitas estatais e os níveis actuais da ajuda ao desenvolvimento”, admitiu.
O investimento directo estrangeiro, a cooperação internacional, a assistência financeira externa apropriada, e o perdão ou reconversão da dívida são apontados pelo Chefe de Estado como alternativa para a África.
Os chefes de Estado e de Governo da União Africana iniciaram hoje em Adis Abeba, a cimeira anual, que deverá ficar marcada pela resposta do continente à covid-19 e à proliferação dos conflitos e golpes de Estado.