Em conferência de imprensa, hoje, na Cidade da Praia, o presidente do PAICV, Rui Semedo, questionou o Governo sobre as medidas elaboradas para fazer face à actual situação do país, e a mobilização de recursos de países e organizações para auxiliar Cabo Verde.
“Espera-se que parte desses recursos cheguem às famílias que precisam de um Estado Social amigo e solidário para poderem levar a panela ao lume e alimentar os filhos. Por conta da crise, todos têm sido compreensivo e tolerantes, mas neste momento em que o Governo entregou as contas do II trimestre ao Parlamento verifica-se que o país tem arrecadado receitas, à custa dos próprios cabo-verdianos, que podem ser aplicados na melhoria do acesso a rendimentos para os trabalhadores”, disse.
No que se refere ao resultado do inquérito que se mandou instaurar para apurar responsabilidades sobre a morte do jovem da ilha Brava, o líder do maior partido da oposição diz que “o Governo quis lavar as suas mãos concluindo que ninguém é responsável”.
“Nem mesmo o sistema de transporte que não funcionou implicou a assunção de responsabilidade de ninguém”, frisou Rui Semedo, acrescentando que as duas embarcações de pesca “que deram o seu máximo, tentando suprir as lacunas do Estado mereceram o devido reconhecimento apesar do triste desfecho”, questionou.
Em relação aos medicamentos queimados pela Emprofac (empresa que comercializa medicamentos), o líder do PAICV acusa o Governo de reagir com nervosismo ao ser questionado sobre a situação da empresa, e considera “pura manobra de diversão para esconder os desmandos e a tamanha irresponsabilidade do Governo na gestão dos recursos públicos”.
“O que aconteceu é imoral e é um crime que deve exigir das autoridades competentes uma investigação séria para se apurar todas as responsabilidades”, considerou.
Rui Semedo acrescenta ainda que o país está num momento em que os agricultores precisam de um “verdadeiro apoio do Estado” para aproveitar, de melhor forma, este período pluvioso e garantir uma boa faina agrícola e aumentar o seu rendimento.
O PAICV desafia o Governo a adptar práticas com vista a melhorar o poder aquisitivo das pessoas, como o aumento do mínimo de existência para 50 mil escudos, a diminuição do IVA em alguns produtos, o desagravamento da carga fiscal sobre as pessoas singulares e empresas, o aumento da pensão social, o aumento das pensões mais baixas no INPS e na Administração Pública, o aumento de vencimentos e a compensação das pessoas de certos grupos sociais pela perda geral do poder de compra.
O desafio se estende ainda ao emprego jovem e as facilidades de gerar alternativas para combater o desânimo, a frustração no seio dos jovens, muitos com qualificação e formação.
“Não podemos continuar no mesmo caminho que, a olhos vistos, está a comprometer uma geração inteira com impactos imprevisíveis na sustentabilidade deste país. Não vale a pena pedir aos jovens para não se emigrarem sem que sejam criadas as condições e alternativas para continuarem a acreditar no futuro destas ilhas", acrescentou.